Monday, February 27, 2006

O Pior Cego

Não é à toa que o ditado afirma que o "pior cego é aquele que não quer ver". O que tem se feito de manobras nos últimos anos para mascarar, deturpar, ocultar, e todos os outros adjetivos que signifiquem manipulação dos dados, no Brasil é uma enormidade. Certos dados básicos para qualquer pesquisa estatística séria foram sumariamente abandonados; em outros casos simplesmente abandonou-se os resultados anteriores que envenenavam os resultados atuais, e os comparativos passaram a ser feitos com base em "períodos mais favoráveis"; o crescimento vegetativo, ítem fundamental em qualquer pesquisa, quase sempre é omitido.

Não sou um profissional na área da estatística, apenas um curioso, mas é impossível não "enxergar" essa política que visa cegar a população, mascarando a realidade. Há pouco até um ato administrativo foi implementado, impedindo a divulgação de estatísticas sem o aval "da presidência da república". Um instituto de avaliação do próprio governo, pois o povo usa as estatísticas para saber como vai o seu governo, foi "devidamente domado" e colocado sobre controle do poder central - ato, alias, bem característico desses governos que se dizem "democráticos" mas praticam uma democracia de conveniência bem interessante - que gosta de controlar a imprensa e tudo o mais.

Esse controle exercido sob a publicidade dos órgãos estatísticos, mesmo que se alegue que não visa alterar os dados publicados, foi o que propiciou agora, que a divulgação desse crescimento econômico ridículo, pífio, de 2,3% no ano passado, um resultado desastroso para esse governo incompetente, fosse divulgado numa sexta-feira, numa véspera de carnaval! Isso é algo democrático e admissível?

Eu. que sou leigo na matéria, mas que procuro me informar sobre as realidades do país, sei da dificuldade de se obter qualquer dado confiável, tudo está escondido, tudo é complicado de se obter, não há dados resumidos, tudo está em tabelas monstruosas, propositalmente para dificultar a consulta. E olhe que sou o que se pode chamar de "macaco velho" na internete, faço idéia de como enfrentará tudo isso um usuário novato, certamente desistiria na primeira tentativa.

Estava consultando há pouco dados sobre a evolução no consumo de combustíveis no país. Os dados da última década, com exceção de óleo diesel, se aplicadas as boas normas estatísticas, apontam para decréscimos no consumo de todos combustíveis. O que isso quer dizer? Que a população adquiriu consciência ecológica e está andando mais a pé ou de bicicleta? Que a população está falida e não tem dinheiro para um combustível cada vez mais caro? Que nosso país está encolhendo economicamente? Todas as respostas? Nenhuma delas?

Este é só um exemplo daquilo que eu desejava explicar. O mesmo se dá com outros dados importantes, no caso do desemprego, você acredita que o desemprego diminuiu nesses últimos tempos? Pois é, nem eu acredito nisso. Li estes dias que para se calcular o número de desempregados, os que estão desempregados há mais tempo deveriam ser excluído dos índices, se considerando só os "novos desempregados". O que fazemos com os "velhos desempregados?" Pulverizamos?

Pensem nisso, enquanto eu digo até a próxima...

Monday, February 20, 2006

Liberdade de Expressão.

O cara se diz um historiador, vai a um país estrangeiro e nega a existência do holocausto. Depois de sentenciado a três anos de prisão, por racismo e anti-semitismo, na Austria, onde é crime negar o holocausto, David Irving ainda fala em liberdade de expressão.

Ele não pode negar, teve a sua liberdade de expressão, pôde dizer o que bem quiz, mas isso também não quer dizer que ele não vá responder pelo que disse. Liberdade de expressão não exime a contrapartida da responsabilidade pelo que se diz.

Thursday, February 09, 2006

Parasitismo do Sucesso

Podem falar o que quiserem, mas, para mim, o nome que se dá isso é falta de criatividade, ou oportunismo barato. Bastou Dave Brown alcançar a fama mundial com seus livros - Anjos e Demônios, O Código Da Vinci, e outros - para que uma multidão de "escritores" se lançassem a aproveitar o sucesso alheio. Alguns se dispuseram a ajudar quem leu e não entendeu patavinas dos livros, outros escreveram críticas sobre as obras e, até, pasmem!, livros para apontar as falhas existentes nos livros do autor!

Existem infinitos assuntos no mundo, a criatividade é ilimitada, basta pensar um pouco e logo aparecerá um tema novo e cativante. Ou até um tema velho visto com novos olhos, sob novo prisma. Qual a necessidade de ser um sanguessuga? Acreditem, o parasitismo não faz bem nem ao hospedeiro - porque de alguma forma prejudica-lhe -, nem ao parasita - porque o parasitismo gera desconforto, aquela sensação de "eu sei que eu sou".

Eu tenho como norma não dar o mínimo valor a essas tipo de iniciativa, e jamais compraria um livro desses, fosse por mim esse tipo de escritor morreria de fome - pensando bem, não deixaria morrer de fome, isso é ser cruel, ajudaria a fundar a CEPA, a Casa do Escritor Parasita Arrependido.

Friday, February 03, 2006

Os bobos tristes

Image hosting by PhotobucketEncontrei esse "bobo da corte" tão bonito, mas com esse olhar tristonho. Ele expressa o sentimento que devem ter todos os bobos da corte, obrigados que são a achar graça só por um dever de ofício.

Ser um bobo da corte não é nada engraçado, mas é como muitas vezes me sinto aqui nesse país, vendo como as coisas são administradas por aqui. E como esse bobo da corte aí da foto eu também fico com essa cara de tristeza, embora eu saiba que isso não vai resolver nada.

Alguém comentou num dos blogs em que escrevo hoje que "o dia em que o brasileiro tomar vergonha na cara e partir para o revide a coisa vai mudar". Será que vamos precisar de sangue para mudar esse país?

Essa é uma tese, dizem que só quem chora em cima do sangue derramado dos filhos sabe dar valor a honra e a dignidade. Não sei qual é a solução, mas, se tiver que ser dessa forma, é uma pena.